terça-feira, 24 de agosto de 2010

O que eu tenho medo é da anestesia...

Essa é a frase mais comum que um anestesista escuta. Todos têm medo da anestesia, ainda que a cirurgia seja um transplante cardíaco, o “medo é da anestesia”. Então, vamos entender melhor esse negócio de anestesia para poder parar de ter tanto medo sem motivo?

Para que serve a anestesia veterinária? O Procedimento anestésico envolve um conjunto de técnicas, utilizadas para atingir imobilidade, inconsciência, analgesia e segurança neurovegetativa.

Calma! Vou traduzir: o paciente veterinário não entende o motivo da intervenção, encarando-a como uma agressão e impedindo a realização da maioria dos procedimentos cirúrgicos, sendo portanto necessária a utilização de substâncias que levem à sua imobilidade.

Sobre a inconsciência, creio que você não gostaria de vivenciar um procedimento cirúrgico feito em você mesmo. Então, o nosso paciente também não!

Analgesia é de extrema importância na qualidade de vida e na recuperação pós-cirúrgica. Afinal, ninguém gosta de sentir dor.

E por fim, a segurança neurovegetativa: essa expressão assustadora significa, em resumo, que os órgãos do paciente devem entrar e sair do procedimento funcionando perfeitamente.

Para que tudo isso ocorra como previsto, existem várias técnicas e substâncias que devem ser utilizadas de acordo com o caso e o tipo de paciente. Essa escolha deve ser feita pelo médico veterinário responsável pela anestesia.

E para a pergunta “...mas doutor, existe risco?”, a resposta é SIM, e para a pergunta “...mas o risco é grande?”, a resposta é na grande maioria das vezes NÃO.

Mas então do que depende o risco anestésico? Todo procedimento que envolve uma anestesia envolve risco devido a diferentes sensibilidades individuais dos pacientes, condição de saúde, tipo de procedimento a ser executado e preparo adequado pré-cirúrgico. E o risco só é realmente grande dependendo da intensidade da enfermidade que o paciente apresenta. Pacientes saudáveis tem um risco muito baixo hoje em dia.

Para segurança de nossos amigos, é necessária colaboração entre o cliente e o médico veterinário anestesista. Portanto, siga todas as instruções dadas para o preparo do paciente no pré-cirúrgico e não deixe de informar o uso de medicações e sobre doenças anteriores.

O objetivo do médico veterinário é trazer saúde, conforto e segurança para nossos amigos. Então converse, tire todas as suas dúvidas sobre o que vai ser feito e lembre-se de que fazemos parte do mesmo time e temos o mesmo objetivo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Meu cachorro tosse...

Quando ouvimos alguém falar que um cachorro tosse, logo vem outro e diz “Ih, é problema no coração, o do meu amigo começou assim e morreu!”. Será que é verdade? Se tosse, tem problema no coração?

Vamos com calma... a tosse nos cães é um dos sintomas mais comuns de insuficiência cardíaca sim, mas nem toda tosse é relacionada ao coração. Outras causas de tosse em cães são: bronquite crônica, infecções bacterianas ou virais e substâncias irritativas (cheiros fortes, fumaça...).

E o que então a tosse tem a ver com o coração?

Quando o coração não consegue bombear o sangue como deveria, começa a ocorrer o seu acúmulo em alguns órgãos (chamada congestão). Isso ocorre em vários órgãos, mas quando acontece no pulmão, parte do líquido que forma o sangue extravasa para dentro desse órgão e acumula dentro dele, gerando um edema pulmonar. Sempre que existe alguma coisa dentro do pulmão que não seja ar ele tenta expulsá-la através da tosse. E isso inclui o líquido formado no edema.

Outra origem da tosse é a ação mecânica do coração, aumentado de tamanho, contra as vias respiratórias, o que causa o reflexo de tosse. Experimente pressionar um pouco sua laringe (gogó) e você sentirá vontade de tossir ou vomitar: são reflexos normais.

É importante que você observe em que situação a tosse ocorre: se em momentos de excitação, após exercício, em estresse, após comer ou beber água, após inalar alguma coisa ou quando estava calmo ou dormindo. Isso ajuda a diferenciar se a origem é respiratória ou cardíaca.

O principal é que sempre que você perceber que seu amigo de estimação está tossindo, você deve procurar a ajuda de um médico veterinário para o diagnóstico e tratamento correto, mantendo a qualidade de vida do seu cão ou gato.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Outros exames

Outros exames...

Nas outras postagens eu comentei sobre os principais exames utilizados na cardiologia veterinária, porem existem outros que podem ser utilizados em situações mais específicas, como: ECG holter, exames de sangue (hemograma, bioquímicos, sorológicos...) e exames de urina.

O ECG holter, é usado para fazer um eletrocardiograma por um período longo ( normalmente de 24 horas), sendo indicado principalmente quando o paciente apresenta desmaios (chamado tecnicamente de síncope).

Os exames de sangue (existem vários) podem nos dar informações muito importantes sobre o funcionamento de vários órgãos do paciente, funções hormonais, processos infecciosos e parasitas sanguíneos.

O exame de urina pode nos dar informação muito importante sobre a condição renal.

“E para que saber isso tudo se o problema do meu cão ou gato é no coração?” Simples! o coração não bate sozinho, ele precisa de todo o conjunto do seu corpo para funcionar perfeitamente. O organismo de um animal, assim como o nosso, é totalmente interligado e um sistema precisa do outro funcionando perfeitamente para que funcione bem também.

Embora esses exames não sejam os principais da na cardiologia eles podem ser pedidos para melhor avaliação de outras doenças que influenciem indiretamente o coração.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E a radiologia?


A radiologia (Raios-X) de tórax foi e ainda é um exame complementar muito útil na avaliação de doenças cardíacas. Embora tenha perdido um pouco da importância do passado, após a introdução do ecocardiograma na medicina veterinária, ele NÃO é dispensável.

A radiografia de tórax deve sempre ser feita em duas posições, para podermos observar o tórax de frente e de lado. Não há necessidade de preparo do paciente ( nem jejum , nem contraste) e é um exame indolor,]. No entanto devemos lembrar este exame é realizado através da emissão de radiação ionizante e por essa razão, cuidados de proteção contra exposições desnecessárias devem ser utilizados; mas calma não é um exame de vez em quando que vai causar câncer no seu amigo! Mas sempre avise o veterinário radiologista sobre gravidez da paciente ou da proprietária (que nesse caso não deve ficar na sala de exame).

Com os resultados do exame, podemos verificar alterações na conformação do coração, traquéia, presença de edema pulmonar (líquido dentro dos pulmões), efusão pleural (líquido entre o pulmão e a parede do tórax), aparecimento de massas (tumores ) intratorácicas, enfim uma grande quantidade de doenças que direta ou indiretamente podem influenciar o coração, ou que precisam ser diferenciadas das doenças cardíacas (diagnóstico diferencial).

Na grande maioria das vezes na consulta inicial é solicitada uma radiografia de tórax devido a grande quantidade de informações que esse exame pode acrescentar ao histórico do paciente.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ecocardiografia




Em Cardiologia Veterinária, outro exame complementar muito útil, além do eletrocardiograma, é o ecocardiograma.

Assim como na ultrassonografia, o exame ecocardiográfico utiliza ondas sonoras em alta frequência, que não podem ser ouvidas pelos seres humanos e não causam nenhum dano ao paciente.

O ecocardiógrafo (aparelho utilizado para fazer esse exame) é capaz de emitir essas ondas e captar o eco gerado quando elas “batem” nas estruturas do corpo do paciente. Depois disso, os sons são processados e uma imagem é gerada, podendo ser observada a movimentação das estruturas do coração (músculos, válvulas, veias e artérias).

Das imagens formadas é possível extrair uma série de medidas que ajudam no diagnóstico e na avaliação da evolução de algumas doenças cardíacas.

Quando associado ao sistema Doppler - “programa” de processamento de dados no ecocardiógrafo, que permite identificar em qual sentido as células sanguíneas se deslocam - é possível medir o fluxo do sangue pelo coração e avaliar se há alguma falha valvular.

Dessa forma, o ecocardiograma é o exame complementar indicado sempre que for necessária a avaliação direta da função mecânica do coração e da sua hemodinâmica(deslocamento do sangue pelo coração e grandes vasos que nele entram e saem).

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O que é o eletrocardiograma?


O eletrocardiograma é feito com um aparelho portátil chamado eletrocardiógrafo, que é capaz de medir pequenas variações elétricas geradas pelo coração e captadas na superfície da pele. É um exame importante na avaliação cardíaca de um paciente, pois é o mais indicado para diagnosticar arritmias, ou seja, batimentos fora do ritmo normal do coração.

Ele associado ao exame clínico, pode sugerir algumas outras alterações cardíacas, principalmente sobrecarga de algumas câmaras cardíacas, que devem ser confirmadas com outros exames como o RX e /ou o ecocardiograma.

Não há necessidade de jejum ou qualquer outro tipo de preparo para o paciente, não é doloroso, embora o paciente precise ficar deitado de lado, o que muitas vezes eles não gostam...

O registro fica marcado em papel térmico ou em formato digital, dependendo do tipo de eletrocardiógrafo usado.

Ele é indicado em casos de identificação de alterações na ausculta cardíaca ( variação anormal do ritmo ou sopro ), avaliações em pacientes mais idosos (geriátrica), avaliações pré anestésicas (ideal fazer em todos , mas principalmente em cães e gatos acima de 6 anos de idade ), ou em pacientes que apresentem desmaios.

Com as informações passadas com esse exame, associado ao exame clínico, pode-se iniciar tratamentos de uma série de doenças cardíacas, aumentar a segurança de procedimentos anestésicos e acompanhar a evolução dos tratamentos aplicados.